A recente aquisição da Sketchers pelo Grupo 3G Capital marca o início de uma transformação profunda. Conhecido por seu estilo implacável de gestão — com foco extremo em eficiência, meritocracia e entrega de resultados — o 3G não apenas adquire empresas: ele redesenha completamente sua cultura, processos e mentalidade. Com a Sketchers, o mercado pode esperar nada menos que uma reinvenção.
A filosofia 3G em ação
O modelo de gestão do Grupo 3G é construído sobre pilares sólidos: controle absoluto de custos, metas ousadas, tomada de decisão baseada em dados e uma cultura de alta performance. A primeira mudança visível deve ser a aplicação do orçamento base zero, eliminando gastos que não tragam retorno claro. A estrutura organizacional tende a ser enxugada, áreas meio são redesenhadas, e a operação passa a funcionar como uma máquina de performance.
Paralelamente, a cultura muda. A lógica do “esforço” dá lugar à lógica do “resultado”. Profissionais passam a ser cobrados por entregas mensuráveis, líderes por metas desdobradas e times por aderência aos indicadores. Quem performa, cresce. Quem não entrega, sai.
A disciplina da execução: GPD e GRD como base
Mas o que sustenta essa transformação, além da pressão por metas, é a forma como a gestão é sistematizada. Dois pilares devem ganhar protagonismo na Sketchers: Gestão por Diretrizes (Hoshin Kanri) e Gestão da Rotina (GRD).
A Gestão por Diretrizes (GPD) será essencial para traduzir o plano estratégico agressivo do 3G em ações concretas. Ela conecta a visão da liderança com os níveis tático e operacional da empresa. Isso significa que cada grande meta — seja ganho de market share, crescimento de margem ou expansão internacional — será desdobrada em objetivos claros para cada área e pessoa. Todos saberão o que precisa ser feito, por que e com que prazo. A GPD garante que não haja esforço desperdiçado: o foco será absoluto nas prioridades estratégicas.
Já a Gestão da Rotina (GRD) dará sustentação ao dia a dia da operação. A GRD estabelece padrões de execução, indicadores de controle, rotinas de acompanhamento e resposta rápida a desvios. Com isso, a Sketchers poderá operar com mais previsibilidade, menos improviso e foco total na estabilidade operacional. A GRD cria uma cultura onde o básico é bem feito todos os dias, liberando energia para melhorias e inovações estruturadas.
Uma cultura de donos, com método e foco
Além dos métodos, o 3G impõe uma mentalidade: a cultura do dono. Líderes passam a ter autonomia, mas com total responsabilidade sobre os resultados. A gestão é descentralizada, mas não permissiva. Há espaço para errar, mas não para repetir erros. O ambiente se torna mais competitivo, mas também mais meritocrático — quem entrega, prospera.
A Sketchers viverá, nos próximos anos, um choque de gestão. Mas não será apenas uma troca de chefia ou de metas. Será uma reinvenção do como se faz e por que se faz. A união do pensamento estratégico via GPD com a disciplina operacional via GRD será o segredo para manter a intensidade sem perder a coerência. A Hidra de Lerna dos desafios modernos será enfrentada não com força bruta, mas com método e clareza.