Revisão de Indicadores e Gestão da Rotina Transformadora
A gestão baseada em dados começa com um bom indicador. Mas apenas medir não é suficiente. A maioria das organizações que enfrentam dificuldades em sua execução estratégica não sofre por falta de indicadores, e sim por excesso de indicadores inúteis, desconectados da rotina ou mal definidos. A consequência é uma operação desorientada, onde decisões são tomadas por instinto — e não por evidência.
Neste artigo, apresentamos uma abordagem estruturada para transformar a gestão da rotina por meio da revisão crítica dos indicadores, integrando metas claras, rituais consistentes e papéis bem definidos.
Os 5 critérios para revisar e melhorar KPIs
Um bom indicador precisa responder a uma pergunta clara e útil. Na metodologia Setec, utilizamos cinco critérios para avaliar se um KPI merece existir:
- Clareza: O que exatamente está sendo medido? Um bom KPI não deixa margem para interpretação.
- Relevância: Esse indicador está ligado a um objetivo crítico do negócio? Se não influencia resultado, é ruído.
- Viabilidade: A informação necessária está disponível, com qualidade e frequência compatíveis?
- Ação: O que você faz quando esse número muda? Se a resposta é “nada”, o indicador não serve.
- Propriedade: Alguém é responsável por acompanhar, entender e atuar com base no indicador?
Se um KPI não atende a pelo menos quatro desses critérios, deve ser reformulado, substituído ou eliminado.
Conexão entre Indicadores, Metas SMART e Fluxo de Rotina
Indicadores isolados não produzem transformação. É necessário que eles estejam:
- Associados a metas SMART (específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais), que definem claramente o ponto de sucesso.
- Inseridos no fluxo de rotina de gestão, ou seja, vinculados a reuniões, decisões e planos de ação frequentes.
- Classificados por nível decisório: estratégico (indicadores de valor), tático (indicadores de desempenho) e operacional (indicadores de controle).
Ao fazer essa conexão, o indicador deixa de ser apenas um número e passa a orientar o comportamento das pessoas e das áreas.
Estruturação da Governança Diária e Semanal
A gestão da rotina depende de disciplina. Na prática, isso significa criar rituais fixos onde os indicadores são:
- Monitorados em tempo real ou por ciclo (diário, semanal, mensal)
- Comparados com metas e histórico
- Discutidos em reuniões estruturadas com foco em desvios e plano de ação
Esses rituais, como os check-ins diários de time, as revisões semanais táticas e os rituais mensais de performance, ajudam a garantir que o indicador realmente influencie o comportamento e a priorização da equipe.
Formalização de Responsabilidades com a Matriz RACI
Para que o indicador seja efetivamente utilizado, é preciso deixar claro:
- Quem é responsável por alcançar a meta (Responsible)
- Quem aprova e lidera as decisões (Accountable)
- Quem deve ser consultado para análise técnica ou impacto cruzado (Consulted)
- Quem precisa ser informado sobre os resultados (Informed)
Aplicar a Matriz RACI por indicador e por meta ajuda a eliminar ambiguidade, sobreposição de papéis e gargalos decisórios. A clareza de papéis é tão importante quanto a clareza da métrica.
Conclusão
Revisar seus indicadores não é um exercício técnico. É uma decisão estratégica que define o que sua organização valoriza, prioriza e monitora. KPIs bem definidos, conectados a metas e integrados à rotina geram mais do que visibilidade, geram ação, foco e transformação.
Se você quer sair do modelo reativo e assumir o controle da sua operação, comece pela revisão dos seus indicadores. E, principalmente, transforme cada número em um ritual de decisão disciplinada.