Aumentar a produtividade não é apenas uma questão de esforço ou boa vontade. É, antes de tudo, uma tarefa analítica e técnica. Muitas operações industriais e logísticas aparentam estar funcionando de forma adequada, mas escondem desperdícios estruturais difíceis de perceber a olho nu — tempos de espera, recursos mal alocados, fluxos mal dimensionados e ciclos operacionais inconsistentes. É nesse ponto que entra um diagnóstico de produtividade estruturado.
Na prática, o diagnóstico começa com uma análise detalhada dos tempos reais de execução de tarefas, considerando não apenas o tempo de ciclo, mas também os tempos de descanso, movimentação e períodos improdutivos. Quando esses dados são organizados e comparados com o Takt Time (tempo disponível dividido pela demanda do cliente), torna-se possível identificar se o ritmo atual de produção está alinhado com a necessidade real do negócio.
Em um recente projeto realizado com uma das maiores engarrafadoras de bebidas do país, foi possível comprovar que pequenas alterações na rotina, como a redistribuição de descansos e a readequação do número de operadores por linha, poderiam resultar em um aumento superior a 15% na produtividade do sorting logístico. E o mais importante: sem investimentos em novos equipamentos.
O uso de simulações com diferentes cenários de alocação de headcount (HC), somado ao mapeamento dos tempos de separação, movimentação e intervalos, revelou que o desempenho não era limitado pela capacidade física, mas sim pela configuração da rotina operacional. Esse tipo de insight só é possível com o uso de ferramentas e métodos como:
- Cronoanálise estruturada e coleta por amostragem de ciclos
- Simulação de cenários com restrições ergonômicas e legais
- Dimensionamento da força de trabalho baseado em dados reais
- Avaliação do impacto da ociosidade e das perdas sistêmicas
Além da análise técnica, o diagnóstico também revelou a importância de envolver os times operacionais na identificação dos problemas e na construção das soluções. A confiança nos dados e a clareza dos cenários simulados contribuíram para o engajamento e a priorização rápida das ações.
O aprendizado é claro: a produtividade é um fenômeno multidimensional, e só se revela plenamente quando analisada com profundidade, método e abertura para mudança.
Se sua operação apresenta esforços altos com resultados inconsistentes, talvez seja hora de olhar mais a fundo. E agir com base em fatos, não percepções.