A Microsoft acaba de publicar o estudo “Generative AI in Real-World Workplaces”, um levantamento global que lança luz sobre um dos temas mais urgentes para quem atua com gestão de pessoas: o impacto da inteligência artificial no trabalho cotidiano. O que o relatório mostra vai muito além da adoção de novas ferramentas, trata-se de uma mudança profunda na forma como profissionais se relacionam com suas tarefas, com o conhecimento e com o próprio papel dentro das organizações.
Nesse novo cenário, o papel do RH se torna não apenas relevante, mas indispensável. A verdadeira transformação impulsionada pela IA generativa, com destaque para ferramentas como o Microsoft Copilot, não acontece apenas quando se instala uma tecnologia, mas quando se prepara as pessoas para usá-la com propósito, inteligência e segurança.
O estudo aponta ganhos expressivos de produtividade em funções administrativas e de suporte, com reduções de até 30% no tempo de execução de tarefas. No entanto, o dado mais importante talvez seja qualitativo: usuários relatam menor estresse, maior sensação de controle e mais clareza diante da sobrecarga informacional. Isso revela que a IA não está apenas mudando o “quanto” se produz, mas o “como” se trabalha.
E é aí que o RH precisa atuar de forma decisiva.
Mais do que adotar tecnologia: preparar a cultura
A adoção de copilotos de IA exige mudanças organizacionais profundas, que só são bem-sucedidas quando há uma parceria sólida entre Tecnologia da Informação e Recursos Humanos. Enquanto a TI garante a infraestrutura, segurança e performance dos sistemas, cabe ao RH preparar os profissionais — técnica e emocionalmente — para operar com fluência nesse novo ambiente.
Não basta oferecer um treinamento técnico isolado. É preciso construir trilhas de aprendizado contínuo que desenvolvam habilidades como prompt engineering, pensamento crítico, colaboração assistida por IA e curadoria de conteúdo. Sem essa preparação, o impacto da IA será desigual: os mais fluentes digitalmente irão avançar, enquanto outros ficarão para trás, aprofundando o gap de desempenho dentro das equipes.
RH como catalisador de fluência digital e confiança organizacional
O estudo mostra que profissionais com apoio de “champions internos” ou com maior familiaridade tecnológica extraem mais valor dos copilotos. Isso revela uma oportunidade clara: estruturar programas de upskilling e reskilling com apoio direto do RH, identificando perfis, necessidades e criando ambientes seguros para aprendizagem contínua.
Além disso, governança, ética e segurança de dados são temas que precisam ser debatidos com clareza desde o início da jornada de adoção. O RH tem papel central na construção de políticas e comportamentos que orientem o uso responsável e confiável da IA, garantindo que a inovação venha acompanhada de maturidade organizacional.
Formando líderes e gestores preparados para o agora
É urgente incluir IA e tecnologia nos programas de formação de lideranças. O profissional do presente já precisa saber trabalhar em parceria com sistemas inteligentes, tomar decisões com base em dados produzidos por agentes autônomos e manter o discernimento ético em um ambiente cada vez mais automatizado. O RH precisa estar à frente da construção desses programas, tanto para líderes atuais quanto para os futuros gestores.
Nos programas de liderança, MBAs corporativos, planos de carreira e desenvolvimento de talentos, a fluência digital deve andar lado a lado com competências como escuta ativa, visão sistêmica e inteligência relacional. O profissional do presente precisa ser, acima de tudo, adaptável, reflexivo e capaz de navegar com confiança entre pessoas e máquinas.
O RH como protagonista da transformação
A IA não elimina empregos, ela transforma funções. Atividades operacionais tendem a ser automatizadas, enquanto competências humanas ganham novo protagonismo: análise crítica, empatia, criatividade, tomada de decisão. Essa transição não acontece sozinha. Ela precisa ser mediada, acompanhada e nutrida por quem entende de gente.
Por isso, cabe ao RH assumir um papel estratégico: não apenas apoiar a transformação tecnológica, mas liderar a transformação cultural. O profissional do presente está sendo moldado agora e é o RH que segura esse cinzel.